Domadora de nuvens

Eu sou viajante da noite,

domando as nuvens do céu,

com as tiras do meu açoite,

com as  abas do meu chapéu.

Sou a filha tempo que passa,

a chama que acende a vela,

o fogo e também a fumaça,

a bruxa e a Cinderela....

Eu piso em areia finas,

eu nado com as sereias,

eu tenho a alma das meninas,

e fogo correndo nas veias

Olhando o céu estrelado,

pelas frestas da janela,

eu sinto você ao meu lado,

e a vida parece tão bela.

A morte vive a  espreita,

como um feroz animal

mas nesta noite perfeita,

eu me sinto imortal...

PS: A morte é a curva da estrada. Morrer é só não ser visto. Não ria! Eu estou um pouco mórbida hoje! Muito adequado, para esta tua domadora de nuvens.  Flutuando entre o céu e a terra, eu estou invadindo o teu pensamento. 

Ele!

Eu não sei se é veneno ou se é  remédio,

eu não sei se machuca ou se é a cura,
eu não se é paixão ou se é o tédio,
eu não sei se é lucidez ou é loucura.

Eu não sei se é o tempo quem pára,
ou a se alma é quem se distancia,
mas eu sei que essa paixão, tão  rara,
é um prazer, que me arrebata todo dia.

Eu só sei que é ele quem me guia,
pelos caminhos, pelo mares desta vida,
eu só sei que ele é pura alquimia,
ele é a poção, que embriaga e que vicia.

Ele é a chuva, e também é o trovão,
ele é o infinito de um céu todo estrelado,
ele o sol, que combate a escuridão,
ele é o deus, que adormece do meu lado.

A sedução da noite.

A escuridão da noite  aguça os  meus sentidos,

eu vejo a tua imagens, em meus olhos fechados,

eu ouço a tua voz,  soando  em meus ouvidos,

eu sinto o teu  perfume e o gosto do pecado.

Eu cavalgo feliz, no verde das campinas,

eu vou ao teu encontro, na linha do horizonte,

sentindo o vento frio, entrando nas narinas,

até que a realidade da vida me confronte.

Eu sinto em minha boca, o azedo do limão,

 a brisa se perfuma, com  o cheiro do jasmim,

a noite é um cenário de pura sedução,

e espalha todo o amor, que você  deu para mim.

A noite traz a soma de sons e de perfumes,

guardada com cuidado, nas brumas da memória,

iluminada só  com a luz dos vagalumes,

carregada  nas asas das aves migratórias.

Na escuridão da noite, eu danço com você,

flutuando no ar, perdida em teus abraços,

desejando morrer de amor e de prazer,

no ritmo da música, na imensidão do espaço.

PS: 

Fugaz!

Eu aprendi que o tempo nunca volta,

como não volta a palavra que foi dita,

que a vida é como um barco que se solta,

que ela é intensa, poderosa, mas finita.

Por isso eu busco ser feliz, sem pretensão,

me encantar com as pequenas maravilhas,

desfrutar de toda a paz da solidão,

ser a estrela que orienta a esquadrilha.

Por isso eu busco o teu olhar, na noite escura,

eu me desloco entre as estrelas, decidida,

porque você é a minha dor e a minha cura,

porque você é a razão da minha vida.

Quero viver intensamente, e com paixão,

desfrutar cada fração de um segundo,

porque não voltam os momentos que vão,

porque é fugaz nossa passagem pelo mundo.

PS: Hoje eu estou abordando a vida, como tema, porque esta semana o meu pai morreu. É sempre muito difícil essa definitiva separação. 

Morrer de amor!

Morrer de amor é o que dá sentido à vida,

porque, morrendo de amor é que se vive,

e este  amor me faz sentir tão livre,

que a minha alma foi, em asas,  dividida.

Morrer de amor e reviver em cada abraço,

é reunir mil vidas em uma só 

é renascer na  fonte eterna do desejo,

é apertar o laço e desfazer o nó.

Eu renasci, quando eu olhei o teu rosto,

e eu nunca me senti tão viva e tão feliz,

nunca a vida teve tanto prazer  e tanto gosto,

como no instante em que eu te vi, e eu te quis...

Uma estranha criatura

Eu sou um ser de delicadas estruturas,

uma mulher que renasce todo dia,

uma ilusão, uma estranha criatura,

que se esconde no silêncio e na magia.

A tua ausência é como o fogo do dragão,

que abre um grande buraco no meu peito,
eu conto as horas e os segundos que se vão,
e a tua lembrança é a migalha que eu aceito.

Eu te encontro entre o amor a magia,
entre as estrelas que preenchem a imensidão,
você é o mistério, é o sonho que me guia,
é a esperança que me invade o coração...

E é assim, caminhando pelo espaço,

procurando por você na noite escura,

que eu encontro a proteção do teu abraço,

entre o sonho, a lucidez e a loucura...

PS: Eu creio que isso me define: uma estranha criatura.