O meu sorriso!

Meu sorriso é um menino sozinho,

atrás dos muros altos de um jardim antigo.

Meu sorriso é um moleque,

 que atira pedra ao léu,

dá chutes no nada, e às vezes chora. 

Meu sorriso faz perguntas que ninguém responde,

porque ninguém entende.

Meu sorriso é erudito,

é intelectual e engana

os leigos e os ignorantes.

Meu sorriso é relâmpago,

é um prenúncio de chuva,

que anuncia desastres...

Meu sorriso  é, em suma, quase triste.

Cheios de lutas por nenhuma causa justa,

nublado e cheio de fantasmas,

o meu sorriso me trai, e te assusta...

PS: Eu estou rindo, porque a minha poesia está fazendo intrigas e acusações ao meu travesso e inocente sorriso. Ainda rindo, eu ressalto que todas as acusações ao meu sorriso, são sórdidas intrigas da oposição. ...muitos risos...

Boa tarde, meu amor! Eu estou passando pelo teu pensamento, em edição extraordinária.

Ele, o vento!

Um vento frio uiva em minha janela,

anunciando a chegada do inverno,

na noite fria, a luz da lua me revela,

uma tristeza e  um vazio quase eterno.

A tua ausência é um inverno visceral,

sem teu abraço, eu estremeço e sinto frio,

eu sigo apenas o meu instinto animal,

eu sinto apenas o desejo e o arrepio.

Eu não sei quando você veio ou foi embora

eu nada sei sobre você e a tua história,

nem se você veio de dentro ou vem de fora,

se você está em meu corpo ou na memória.

Eu nada sei sobre você e, em sofrimento,

eu não te encontro em minhas fotografias,

talvez você só viva em meu pensamento,

e em minhas mais insensatas fantasias.

Um vento frio uiva em minha janela,

enquanto eu penso em você, neste momento,

a tua presença, tão real, faz sentinela,

e a solidão  vai embora com o vento...

PS: O vento esta realmente uivando em minha janela, e as árvores do jardim se curvam quando ele passa. Eu penso em você com tanta intensidade, que até o vento para, por um momento... 

Asas quebradas

Sou ave de longos voos,
 de sonhos largos e belos.

Não posso viver no chão,
 não posso viver sem asas...

Não posso romper os elos,
 não quero voltar para casa...

Estou com as asas quebradas!

Não consigo mais voar...

Quebrou-se a asa do sonho!

Se eu não sonho, falta o ar...

Estou com asas quebradas,
partidas, despedaçadas,

Se eu não voo eu não sou nada,

Se eu não sonho, quem sou eu?

Estou com as asas quebradas!

Eu não consigo mais voar

Empresta-me tuas asas,
meu falcão, neste momento,

que eu voarei, novamente,
com teu amor, com o vento...

PS: Eu tenho asas de anjo mas, como você, eu sou ave de rapina. Entretanto, quando quebram as asas de uma águia ou um falcão, eles se tornam anjos. Águia, que eu sou, eu me tornei anjo,
quando a tua ausência quebrou as minhas asas. 

Teu amor é como o vinho

Para apreciar teu sabor,

degustar tua harmonia,

eu derramei teu amor,

em minha taça vazia.

Em minha boca aflorou,

um sabor rico e complexo,

e o gosto  se misturou,

com o sabor do teu sexo.

Teu amor é como um vinho,

e o aroma é de maresia,

é a taça que eu bebo sozinho,

mas teu amor me vicia.

Teu amor é uma delícia!

Tem o cheiro da colheita,

de um parreiral na Galícia.

Tem um sabor mineral,

e a minha boca suspeita,

que você seja, afinal,

a minha bebida perfeita.

PS: Eu nasci entre parreiras de uvas. A minha família planta uvas há séculos, desde a Itália.

Eu gosto de estudar as uvas, os vinhos  e as suas características, seus perfumes, cores e sabores.

Eu acho que não é um exagero eu comparar o teu amor com o vinho. Os dois são sedutores, e me embriagam. 

Vento de outono

Perdida no espaço, na vasta escuridão,

eu sinto o perfume de flores que eu não vejo,

eu abro as janelas e as portas da prisão,

eu voo pela noite  nas asas do desejo...

O vento  do outono,  agitando as cortinas,

me convida a sonhar nas trilhas do jardim.

eu sinto o teu cheiro entrando nas narinas,

eu navego feliz em nosso amor sem fim...

Diante de você, eu dobro os meus joelhos,

eu fecho os meus olhos  sorrindo fascinada,

eu beijo a tua boca com meus lábios vermelhos,

eu molho o teu rosto com lágrimas salgadas.

São tantas emoções que emanam do teu rosto,

são tantas as palavras de amor que eu coleciono,

que eu sinto renascer, de um sonho decomposto,

o amor que foi embora, com o vento do outono.

PS: Hoje foi o dia do meu aniversário. Eu faço aniversário no outono, mas eu sou feita de verão. Assim, o vento é de outono, mas o calor é de verão.

Invisível!

Eu vejo o horizonte vermelho,

de uma tarde de verão,

eu vejo o teu rosto no espelho,

mas sei que é imaginação.

Eu vejo  estrelas no céu,

na fria noite de outono,

meu pensamento anda ao léu,

mas meu coração tem dono.

Eu mergulho em teu retrato,

nas noites de solidão,

eu sei que a distância é um fato,

mas  não resiste à paixão.

Há coisas que são visíveis,

mas outras coisas não são,

o meu amor invencível,

somente os teus olhos verão.

PS: Nem tudo aquilo que é real, pungente, intenso e toca profundamente em nossa alma é visível aos olhos. Há conexões que desafiam o senso comum. Há pessoas, almas e mentes que se conectam, apesar das distâncias, apensar de tudo. Eu acho que nós somos assim...