crua, real, sem recorte,
tudo aquilo que o tempo deixou,
no forçoso caminho da morte.
Enquanto vivo eu me edito,
eu me pinto com diversas cores,
eu me expresso num verso erudito,
eu me alio aos heróis vencedores.
Eu retoco e corrijo os defeitos,
eu me adorno com coisas bonitas,
aprisiono um sol no meu peito,
com coragem e laços de fita.
Quanto mais eu me afasto de mim,
quanto mais eu altero o retrato,
quanto mais eu acirro o motim,
mais conheço quem eu sou de fato.
Eu sou aquilo que eu sou,
uma estranha na qual eu aposto,
mas é sempre a mulher que eu não sou,
ela é sempre a mulher que eu mais gosto.
PS: Rindo, eu confesso que eu ando observando a mim mesma, e eu estou me divertindo
com o processo, porque quanto mais eu me conheço, mais
eu gosto da mulher desconhecida que mora em mim.