domingo, 30 de outubro de 2022

Teias de aranha


Perdida na imensidão,
sentindo frio nas entranhas,
eu sinto o meu coração,
preso em teias de aranha.

Nenhuma luz nos caminhos,
não ouço nenhuma voz,
nem canto de passarinhos,
nos distantes cafundós.

Nesse momento sombrio,
sou dona da terra inteira,
indomável como um rio,
sou bruxa, sou feiticeira...

Usando o poder e a magia,
que existe dentro de mim,
nas sombras da rua vazia,
sou bruxa do Halloween.

PS: Rindo, eu confesso que, em um final de noite de domingo, eu me tornar bruxa é o menor dos meus problemas, e nem é preciso ser Halloween. Eu sinto uma inexplicável e insuportável melancolia, nos fins de domingo. Eu não sei de onde vem, mas ela sempre vem.
Eu preferia que a paixão viesse, mas quem sempre chega é a melancolia.
Ainda bem que é só nos fins de domingo!

domingo, 16 de outubro de 2022

Longe!





 Um sentimento de tristeza me invade,
enquanto a noite traz a sua escuridão,
eu conto histórias, como Sherazade,
eu viajo com as nuvens que se vão...

Tudo é tão longe nesta noite escura e fria,
e essa distância é um fator que não se mede,
tem os acordes de uma estranha melodia,
tem a tristeza de alguém que se despede.

Longe é o  lugar aonde eu moro,
é a  longa rota das aves migratórias,
é o negro céu  de onde vem os meteoros,
é onde eu guardo os meus sonhos e memórias.

Longe é o lugar onde mora o meu amor,
é o lugar onde eu vou quando estou triste,
longe é lugar aonde eu vou se você for,
ou a paisagem me convide e me conquiste.

Longe é um lugar perdido no passado,
onde eu andei cantando entre os vinhedos,
onde, um dia, nós andamos abraçados,
e por amor, até o sol nasceu mais cedo.

Longe é o caminho onde anda o pensamento,
é onde eu danço com você, de madrugada,
é onde a alma voa livre como vento,
onde você me  faz sentir que eu sou amada.

Longe é o lugar onde eu irei, por certo,
onde você me esperará, impaciente,
longe é o lugar onde estarei  mais perto,
e onde você me encontrará em tua mente.


PS: Fins de domingo sempre me deixam triste. 
Fica ainda mais triste, quando as pessoas que eu amo estão longe...


domingo, 2 de outubro de 2022

A minha outra metade





O arrepio da pele,
a chuva escorrendo entre os seios,
o coração disparado,
cavalgando em meus devaneios.

Escorrendo nas pedras da rua,
como a água que inunda a sarjeta,
sou somente esta mulher nua,
curiosa, explorando o planeta.

Eu não sei se eu luto ou te esqueço
se eu resisto ou  me deixo levar,
se eu desisto ou eu pago o preço,
se eu acordo ou persisto em sonhar.

Tudo parece vibrar,
com o vento feroz que me agita,
eu estou viva, eu estou solta no ar,
eu me calo e a minha alma grita...

No meio da tempestade,
estre os raios, a chuva e o trovão,
sou somente a minha metade,
dividida entre o medo e a paixão...


PS: Hoje eu estou muito tempestuosa. Meus pensamentos estão tomando banho de chuva,
mas hoje eu não estou dançando. Eu estou cheia de dúvidas, mas ainda me restam algumas 
certezas.