Esse poema o tempo escreveu sozinho,
sem pressa, passo a passo, dia a dia...
É o poema-silêncio das folhas que caem,
A negação maior da alegria...
Esse poema aqueceu-se ao calor da fogueira
de um acampamento solitário.
Amigo sideral! Amigo solidário!
Cheiro de resina, lenha, estalo, promessa...
As folhas secas caem, a realidade cessa.
Espanto!!! Cala-me a voz, banha-me o pranto...
O meu poema morreu ontem e nenhum passarinho cantou.
Silêncio absoluto, luto.
SILÊNCIO??? Não! Eu grito!
Ah! Volte poema fantasma!
Desejo, medo infinito - volte!
Mas qual! Poema morto não escuta!
Eu paro, eu perco a luta.
Minha energia se esvai!
O vento sopra, furioso, frio, forte,
E uma folha seca - eu - cai....

