| Noite na Amazônia |
O que me fascina nesta noite, não é a violência que ela oculta,
não é o silêncio que oprime,
nãos são os astros que apodrecem, nem os fantasmas que ela abriga.
O que me encanta nesta noite, não é a semente que germina,
não é a terra que vibra sob os meus pés,
nem as marés vazantes,
nem as feras fazendo amor,
nem os homens matando o amor...
O que me encanta nesta noite, não e a sua beleza que me toca,
não é a sua magia que me escorre pelos dedos,
nem os seus segredos,
os seus apaixonados abraços,
nem os tambores na selva,
nem o petróleo no deserto ou o orgasmo...
O que me assusta nesta noite,
não é a mula sem cabeça,
nem o assaltante, o tarado, nem a serpente,
a prostituta, o lobisomem, ou fome urrando na barriga...
O que me encanta nesta noite, não é o riso da menina brincando na Via Láctea,
não é a música de Bach, Mozart ou Liszt,
nem o cachorro ganindo muito longe,
nem o choro do menino no portal,
nem a injustiça, a guerra, a tua ausência, ou a morte do mocinho da novela.
O que me escraviza nesta noite,
não são os preconceitos, os preceitos, as idéias de Marx ou de Cristo.
Não é o medo, a neurose, a poluição ou a insônia,
nem a náusea existencial ou as algemas...
O que me fascina, encanta e entristece nesta noite, é que ela é única;
o que me assusta: eu nunca mais a viverei!
( E eu tinha quinze anos quando escrevi este texto)
Nenhum comentário:
Postar um comentário