
Enquanto o tempo vai seguindo em frente,
Como a inexorável lei da vida determina,
o corpo sofre um desgaste inclemente,
a vista encurta, a memória falha, a pele afina...
O espelho mostra, então, alguém desconhecido,
Num paradoxo que o saber não elimina,
Vê-se no espelho um olhar envelhecido,
Iluminado com uma alma de menina.
A alma permanece fresca e linda,
enquanto o corpo não resiste e envelhece.
O conflito se repete e nunca finda:
A alma guarda o que o corpo esquece...
E quando surge diante do olhar,
a inevitável morte, que apavora,
enquanto o corpo insiste e quer ficar,
a alma, indiferente, vai embora...




