sábado, 21 de setembro de 2013

ARGILA

Eu escrevo, expondo a minha alma feminina, exibindo as minhas asas e as minhas garras, virando no avesso, as minhas entranhas,  espalhando estrelas e espinhos, plantando florestas  e arrancando ervas daninhas.
Mas eu, perdida nos caminhos da minha infinita, estranha e solitária alma, eu parei fascinada, diante deste poético olhar masculino. Obrigada, Raul de Leoni, pela tua deliciosa poesia.


Nascemos um para o outro, dessa argila

de que são feitas as criaturas raras;

tens legendas pagãs na carnes claras

e eu tenho a alma dos faunos na pupila...

Às belezas heróicas te comparas

e em mim a luz olímpica cintila,

gritam em nós todas as nobres taras

daquela Grécia esplêndida e tranqüila...

É tanta a glória que nos encaminha,

em nosso amor de seleção, profundo,

que (ouço de longe o oráculo de Elêusis),

se um dia eu fosse teu e fosses minha,

o nosso amor conceberia um mundo,

e do teu ventre nasceriam deuses...




Raul de Leoni

Nenhum comentário:

Postar um comentário