Que sabor teria a vida?

 Talvez você me encontre, um dia, nesta mulher que quer decifrar o mundo,

a qualquer preço, nesta mulher que entender a vida.

 Talvez você me encontre, no sorriso desta mulher, esperando por um barco que nunca virá...

Talvez você me encontre na inconsequente alegria de menina, desta mulher madura que nunca cresceu. Talvez você me encontre refletindo ao sol,

 ou você me encontre expondo, para você,  a minha tímida sensualidade. 

Talvez você me encontre olhando para você, com um perplexo olhar de surpresa, diante do amor. 

Talvez você nunca me encontre e você se pergunte, que homem você poderia sido se você tivesse me encontrado, que sabor teria a vida, se você
não tivesse desistido de mim...

Revelação!

De repente eu percebo, extasiada,

que a lagoa que era azul, ficou dourada,

e que a paisagem se cobriu de ouro, 

e que é somente meu, esse tesouro... 

Eu descubro que este mundo estranho, 

esculpido pela luz e pelo vento, 

tem a tua forma e o teu tamanho,

e que você é só meu , neste momento.

Revela-se, então, nesta paisagem,
onde o silêncio impera e  fala alto
que você é o destino da viagem,
e eu cheguei até você,  sem sobressalto.

Uma longa e triste noite!

Nada atravessa as muralhas, ao meu redor,

não há nenhuma luz na noite escura,

e no escuro,  a  tristeza ainda é maior,

e a tristeza desta noite não tem cura...

Nada me prende e nada me segura,

no labirinto em que eu estou perdida.

Eu estou em mil pedaços dividida,

e cada um dos meus pedaços te procura.

Nada interrompe o meu  solitário choro,

nem seca a lágrima que rola em minha face,

e pela noite eu procuro o teu socorro,

e, lentamente, um novo dia nasce...

Condicional!

Se eu pudesse atravessar o mundo,

se eu pudesse atravessar a tela,

se eu pudesse enxergar o fundo

desse amor, que o teu olhar revela,

eu tocaria os sinos da capela,

eu tocaria, com amor, em tua face,

eu tocaria a música mais bela,

se você sorrisse e se você me amasse. 

Eu me recuso a ser poeta!

Eu nasci com uma "maldição hereditária".

Meu pai é um lavrador, rústico e semi-analfabeto, mas ele compõe longas poesias, com um intuitivo ritmo e rima, que ele decora e ele declama com muita emoção.

Eu herdei do meu pai, esta característica. Eu escrevo com este ritmo e rima, sem nenhuma preocupação com a métrica ou a gramática.  Rindo, eu me recuso a ser poeta, mesmo que seja uma poetinha de quinta categoria. ...risos...
. Eu recuso a obrigação de criar obras literárias, ou a me sujeitar às normas da poesia. Eu não escrevo as palavras. As palavras se escrevem através de mim. Eu apenas me sujeito à minha doce maldição hereditária. Eu simplesmente expresso as minhas emoções, embaladas em ritmo e rima, sem nenhuma preocupação primária ou secundária.

Quando você lê aquilo que eu escrevo, você deve tirar os sapatos. Você não

está apenas lendo um texto.
Você está desbravando a minha mente, você está entrando em minha  alma!

Espiando sobre o muro!

Em minhas fotos espalhadas sobre a mesa,
Eu vejo sonhos registrados no papel,
eu vejo as dores, alegrias e as tristezas,
e a minha  timidez, rasgando o véu...

Eu tento, então, imaginar o meu futuro,
e o que a vida reserva para mim.
Como criança, eu espio sobre o muro,
e a  esperança me parece não ter fim...

Eu quero estar, para sempre, ao teu lado,
mesmo que a vida, inesperada, diga não!
Você é o senhor do meu futuro e o meu passado,
pois só você é o dono do meu coração.

Poeminha noturno!

Em uma noite absolutamente escura,

havia ao longe só uma luz acesa.

Eram os teus olhos a minha procura,

era a cura da minha tristeza.

Em uma noite sem estrela ou lua,

Onde o silêncio absoluto impera,

Você me abraça e a solidão recua,

você me beija e já é primavera...

Em um noite de chuva triste e  fria,

onde eu pensava não haver mais nada,

você me ama e faz nascer o dia,

e o sol nasce em plena madrugada...

Neblina

Misteriosa, como a alma feminina,

é a serra vestida de florestas,

são as montanhas escondidas na neblina,
onde o poder de Deus se manifesta.

O que eu vejo, aguça os meus sentidos,

mas é o que eu não vejo que fascina,

 e nos suaves perfis, semi-escondidos,
eu me vejo refletida em tua retina.

A paisagem, difusa  é tão bela,

 e ela sequestra  a minha mente, que flutua

 entre um conto de fadas e uma novela,
eu reconheço que eu te amo, e eu sou tua.

E nesta paisagem macia e sedutora,
onde o teu rosto e a minha alma se revela,
eu sou a personagem e  sou autora,
da nossa  história  de amor, tão bela!