quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Terapia em gotas. ...risos...




É uma dor escondida na memória,
é  um distante  lugar que não se alcança,
são lembranças que contam a minha história,
e os tormentos dos meus tempos de criança...

É uma viva cicatriz em minha pele,
são torturas cruéis, que não se esquece,
e ainda que o meu rosto não revele,
a lembrança deste tempo permanece.

É o chicote da mãe rasgando a  pele
é a mão do meu  pai ferindo o  rosto,
é o vermelho do sangue que compele,
a gritar a minha dor e o meu desgosto.

São gritos explodindo em meus ouvidos,
são momento de medo e desespero,
sou sempre eu, engolindo os meus gemidos,
é a violência, elevada ao exagero...

Depois de tudo, eu me sinto tão feliz,
vitoriosa, eu até ouso dizer,
porque eu colei sobre a feia cicatriz,
a minha imortal alegria de viver....


PS: Há coisas que o tempo não apaga, completamente. Fica latente, no fundo da memória.
Eu tenho lembranças felizes da minha infância e da minha adolescência. Eu sempre fui uma praga,
uma indomável menina que montava cavalo em pelo, desde muito pequena, que subia em árvores, como um macaco. Difícil de controlar! Difícil de pegar! Difícil!
Talvez por isso, desde quase bebê, a minha mãe me espancava muito, amarrava as minhas mãos nas costas e depois me prendia, como um cachorro, em algum móvel. Eu fui crescendo e os castigos também. Por todos o motivos, por nenhum motivo, a minha mãe me batia até a pele sangrar. Depois ele passava vinagre, para arder, e em seguida me colocava de joelhos sobre o milho, com o rosto voltado para a parede e  com os braços levantados. Talvez ela chamasse isso de educação. Talvez ela quisesse me corrigir de ser quem eu era: uma criança travessa.
 Quando eu fiquei adolescente, o meu pai assumiu
a função de torturador. Ele bebia, e quando ele bebia ele me espancava até eu desmaiar.
Mas essa feia história, tem um final feliz.
O que é lindo nessa minha história, é que nada foi capaz de matar a travessa menina que mora em mim, nem foi capaz de matar a minha imensa alegria de viver.
Nada foi suficiente para domar o meu indomável espírito.
Se ficaram cicatrizes em minha pele, a minha alma está inteira, íntegra, intocada.

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