Da minha infância, só restaram as minhas memórias.
Eu não tenho retratos da minha infância.
Só havia uma pequena foto, em branco e preto, que se perdeu,
e eu nem me lembro onde.
Às vezes, parece-me que eu nunca fui criança.
e eu nem me lembro onde.
Às vezes, parece-me que eu nunca fui criança.
Outras vezes, parece-me que eu nunca deixei de ser.
Deste negro buraco negro da minha infância,
aparece em meu rosto, de vez em quando,
a luz da alegria de uma menina,
e ela ilumina o meu sorriso,
com esse ar de travessura,
com essa transbordante e inconsequente energia,
é essa inquebrantável alegria de viver, que não morre,
sem que razão alguma justifique.
É essa a mais irrefutável prova que eu fui uma menina,
e que a menina que eu fui, não morreu.
Ainda que eu não tenha nenhum retrato.

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