domingo, 21 de março de 2021

Revelações!




Do mar, não quero apenas o peixe e o banho,
nem seu ruído, seu sussurro que vicia,
eu quero a fúria deste monstro sem tamanho,
prender o mar numa foto ou poesia...

Não quero apenas que o mar me chame,
nem que  carregue o barco onde eu navego,
eu quero ser como o mar, um tsunami,
um deus gigante, poderoso e cego...

Eu quero ser o mar que te acompanha,
um mar revolto e furioso de paixão,
o mar que te envolve e que te banha,
em uma tarde linda e quente de verão.

Não quero apenas a imensidão do céu,
quero também a luz do sol, da lua,
eu quero estrelas girando, em carrossel,
quero escrever nas núvens que eu sou tua.

Eu quero a chuva e seus milhões de dedos,
em banhos sensuais , doces carícias,
eu quero amar, desvendar os meus segredos,
compartilhar com você tantas delícias.

Quero sentir a terra presa em minhas mão,
pisar as rochas tão antigas da costeira,
quero andar sobre a borda de um vulcão,
ser dividida para me manter inteira.

Eu quero tudo e nada disso é relevante,
eu quero crer mas nada é como se vê,
tudo o que eu quero se revela neste instante,
tudo o que eu creio e o que eu quero é você.








sexta-feira, 12 de março de 2021

A mensageira

 

 Sou lagarta e borboleta,
sou tudo aquilo que resta,
sou a rua e  a sarjeta,
a pompa e o lixo da festa.

Sou o ar e a asfixia,
o oxigênio que falta,
sou dor que nada alivia,
o último assunto da pauta.

Não tenho corpo, nem alma,
ateia, não tenho fé,
nada no mundo me acalma,
nem cigarro, nem café.

Não sou velha, nem criança,
sem limite, sem fronteira,
nada no mundo me alcança,
nem há alguém quem me queira.

Quem não me encontrou ainda,
é alguém de muita sorte,
sou o medo que nunca finda,
a mensageira da morte.


PS: Eu confesso! Às vezes eu posso ser muito malvada. As pessoas românticas e doces podem ser muito plásticas e adquirir vária formas.  Em tempos de pandemia, no reino do humor negro,
a mensageira da morte pode ter muito trabalho. Arrumei um emprego novo!  ...muitos risos...