Apesar de tantas dores,
eu acho o mundo bonito.
às vezes eu planto flores,
mas enxergo o infinito...
Apesar de tanto horror,
tanta morte e violência,
eu semeio o meu amor,
sou paz e sou resistência.
Eu caminho neste mundo,
com a coragem dos crentes,
com um respeito profundo,
aos iguais e aos diferentes.
Sem medo de sentir dores
eu olho esse mundo de frente,
e eu deixo um rastro de flores
pois sempre carrego sementes.
Sem poder mudar o mundo
com seus defeitos infindos
eu semeio coisas lindas,
para o mundo ficar lindo...
Sempre que eu escrevo eu penso no meu pai. Meu pai foi o meu torturador, em minha infância e adolescência. Eu eu nunca superei a mágoa. Eu sempre repito, que uma criança torturada ainda chora em mim, quando eu penso em meu passado. Mas o meu pai me deixou, por herança, esse jeito de falar, com rima é ritmo. Ele era cruel, mas ele era um poeta. Ele era semi-analfabeto, mas ele compunha poesias de memória, e ele declamava e emocionava a sua plateia. Eu acredito que a minha mais poderosa vingança a esta mágoa que ficou, é esta minha imortal alegria de viver. Nenhuma dor, nenhum castigo, nenhuma tortura foi capaz de vencer essa minha determinação, essa minha predisposição para a felicidade. Eu compartilho, com você esse meu teimoso prazer de viver.
